26 de julho de 2010. Malas no táxi, mochila nas costas, passagem comprada, São João del-Rei a 230 Km. Sim, eu estava indo embora. E me sentindo num clipe tosco de Zezé di Camargo e Luciano. Sabe aquela coisa “no-dia-em-que-saí-de-casa-minha-mãe-me-disse–“Filho, vem cá”?. Então. Por um segundo cheguei a ver um cara com mullets cantando isso atrás de mim. O cúmulo do brega. A Lady Gaga não tinha nenhuma música sobre partidas pra eu me lembrar? Vasculhei minha caixola mental procurando isso enquanto fiz um intervalo entre soltar minha mãe, procurar meu cachorro (que nem quis abanar o rabo como “tchau”. Aproveitou o portão aberto pra fugir atrás de uma bola de pêlos no cio. Triste.) e chorar.
Enfim, nada. Nenhuma música rebolativa. Esbarrei com uma cena vaga da Xuxa entrando num ônibus empoeirado (quando eu era criança achava linda essa coisa Lua de Cristal) e um clipe da Britney mais ou menos parecido. Escolhi o segundo. Mas analisando bem, eu não tinha nada em comum com ela: meu cabelo estava horroroso, a maquiagem pobrinha tinha ido embora lágrimas abaixo, meu All Star era rosa com carneirinhos e não havia nenhum cara tchuco desesperado me olhando ir embora.
Naquela hora amaldiçoei meus 15 anos e a p@#$ da MTV. Foi bom. Enquanto eu pensava nessa baboseira toda, quase esqueci da dorzinha que senti ao deixar minha mãe, da falta que sentia do meu irmão e da saudade que eu teria do meu cachorro (sim, aquele que me trocou pela cadela da vizinha). Cochilei um bocado e acordei chorando. Pensei nas “meninas” (as amigas que eu deixei pra trás), nas conversas que não ia ter com o João, no emprego que eu abandonei, em alguém que nem ia sentir minha falta.
Minha cabeça nunca produziu tantos flashbacks por segundo e “neurônio2”.
"Sometimes goodbye's a second chance..."
(Shinedown)
Lembrei de quando eu tinha quatro anos e quis fugir de casa pela primeira vez: acumulei toda a minha raiva (provavelmente meu irmão havia tomado meu velotrol ou algo assim), fui pro quarto, juntei minhas roupinhas, coloquei em cima da cômoda e lembrei que não tinha onde colocá-las. Oras, eu tinha apenas uma merendeira cor-de-rosa e uma pastinha de papelão. Cabia nem uma calcinha de coelhinho com rendinha dentro. Desisti. Foi a primeira de muitas vezes. Depois, mais velha, mesmo tendo malas e tudo, fiquei com medo de cruzar a porta. Faculdade? Fazia ali mesmo. Canadá? Falta grana. Belo Horizonte? Saturada.
Tudo culpa do zodíaco. Pisciana nata, eu era pré-destinada a ser paçoca e covarde. Só segui o script.
Eis que um dia o destino me chutou. Eu tentei me agarrar à porta. Minha mãe quis mesmo que eu ficasse (só meu cachorro, desaforado, me ignorou). Mas algo me disse que eu precisava vir. Descabelada, chorando, com tênis velho, moletom larguinho, algumas frustrações no bolso, muito medo na mala, problemas na cabeça e um bocadinho de esperança e fé fazendo companhia.
Lembrei de quando eu tinha quatro anos e quis fugir de casa pela primeira vez: acumulei toda a minha raiva (provavelmente meu irmão havia tomado meu velotrol ou algo assim), fui pro quarto, juntei minhas roupinhas, coloquei em cima da cômoda e lembrei que não tinha onde colocá-las. Oras, eu tinha apenas uma merendeira cor-de-rosa e uma pastinha de papelão. Cabia nem uma calcinha de coelhinho com rendinha dentro. Desisti. Foi a primeira de muitas vezes. Depois, mais velha, mesmo tendo malas e tudo, fiquei com medo de cruzar a porta. Faculdade? Fazia ali mesmo. Canadá? Falta grana. Belo Horizonte? Saturada.
Tudo culpa do zodíaco. Pisciana nata, eu era pré-destinada a ser paçoca e covarde. Só segui o script.
Eis que um dia o destino me chutou. Eu tentei me agarrar à porta. Minha mãe quis mesmo que eu ficasse (só meu cachorro, desaforado, me ignorou). Mas algo me disse que eu precisava vir. Descabelada, chorando, com tênis velho, moletom larguinho, algumas frustrações no bolso, muito medo na mala, problemas na cabeça e um bocadinho de esperança e fé fazendo companhia.
6 comentários:
Menina Guerreira , forte . Uma Grande pessoa que merece grandes vitórias , e concerteza essas vitórias estão por vir . e lembre-se Naninha : Se algo ainda não deu certo é pq ai não chegou o fim e a vida fara de tudo pra te derrubar , decidir se vai se levantar ou não depende apenas de você.
Te amodoro
Besus
João di'Caetano
Fica assim não, Mari! Saiba que todos passamos por isso! Este momento é dolorido, mas é a porta de entrada para muitas outras coisas boas que certamente virão. Sem contar no amadurecimento que é enorme. Você não imagina o quanto crescemos quando vivemos só! Lembre-se: esse é um ritual de passagem e, como todos os outros, sofremos, choramos, nos entristecemos... Pense assim: tudo o que vem, vem por alguma razão! Abraço e sucesso na nova caminhada. Conte comigo!
ai ai...
gente velha arruma cada coisa...
ta pior q dramalhão de 'La Luz En La Escuridón'!!
Q diabos é isso??
BOLA PRA FRENTE!! CABEÇA ERGUIDA!!
a vida está ai fora, eu sei, mto bem, q ir embora nem sempre é feliz, nem sempre é o melhor momento, mas NA VERDADE, se a gnt n fosse embora não sentiria falta de casa! e tem +, se a gnt n sair de casa, qdo é q a gnt cresce? qdo é q a gnt aprende a comer miojo td dia, a ter preguiça de cozinhar, e até que chega um momento que a gnt TEM Q COMER DIREITO!!
e parar de beber feito louco, mas essa parte nao se aplica (ainda) a vc!
de qq jeito, saiba q pode sempre contar com a amiga esquisita que vc fez na escola...
sempre que precisar de 'diquinhas', a amiguinha jovem aki pode ajudar!
pq ela tem ANOS d saida de ksa!
BJAUM!!!
MTO SUCESSO SEMPRE!!!!
Cê vai ver. Eu vou te bater por ter me feito borrar minha maquiagem. Agora eu vou ter que desfazer tudo e arrumar de novo, pela 3ª vez. Droga.
Boa sorte, amiga!
Beijo da Decs
Pragaaaaaaa! Odeio vc! Me fez chorar em plena segunda-feira. Sorte na vida! Perto, longe,onde for.E leva contigo meu carinho, respeito e admiração eterna! Boa sorte! Amo!
Corajosa!Só para contrariar creio que vc não desistiria.Capacidade não lhe falta e muito menos sensibilidade.Não é qualquer pessoa que expõe o que sente com tanta intensidade.É mais fácil fingir para se adaptar.Dramática e autêntica é melhor que conformada e hipócrita.Por esse e tantos outros motivos que admiro-te.
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