Acendi uma vela. Fiz um círculo com sal, soltei alguns murmúrios e tentei fazer o espírito de Nando Reis baixar em mim. Eu precisava dele pra escrever alguma coisa legal. Quem mais transforma um All Star azul numa das músicas mais lindas que alguém pode ouvir? Era essa a idéia: fazer de algo simples um texto bonito. Mas Nando não veio. E depois de horas esperando eu lembrei que esse lance de espírito só funciona com quem já morreu mesmo.
Então como falar da Rê?
Começo dizendo que a gente parece ter uma ligação ectoplasmática materializada por torpedos SMS, mensagens off no MSN e depoimentos desesperados no Orkut? Porque quando eu estava em pedaços e o mundo pareceu cair na minha frente, foi pra ela que mandei uma mensagem. Quando as manhãs eram longas demais e eu queria sair correndo, era pra ela que eu pedia comprimidos pra dor no coração. “Uma cápsula. Me salva!”. Ela entendia, porque sentia a mesma coisa e precisava do mesmo remédio. A verdade é que nunca o inventaram e fomos obrigadas a descobrir, juntas, que pra certas coisas não há cura. Que a vida é mesmo uma merda.
Nessa altura do campeonato, a gente olhou pra trás e concluiu que já passamos por muito e fizemos quase tudo. Menos cometer assassinato, participar de uma orgia, curtir drogas, engravidar de um goleiro do Flamengo, furtar o DVD do Bon Jovi numa loja de departamentos, levar multa por dirigir alcoolizadas. Ah, falando sério mesmo, somos quase duas freiras com decote, blush, camiseta, uma revista Nova na bolsa, e-books “educativos” no PC, abobrinha na cabeça, uma lista de gente pra entupir de laxante, códigos esquisitos (“Camisa do Criciúma na área!”, “Entra no MSN agora!”), mania de investigação (a gente sabe caaaaada coisa... foi só juntar as pistas) e histórias descabidas pra contar.
Então como falar da Rê?
Começo dizendo que a gente parece ter uma ligação ectoplasmática materializada por torpedos SMS, mensagens off no MSN e depoimentos desesperados no Orkut? Porque quando eu estava em pedaços e o mundo pareceu cair na minha frente, foi pra ela que mandei uma mensagem. Quando as manhãs eram longas demais e eu queria sair correndo, era pra ela que eu pedia comprimidos pra dor no coração. “Uma cápsula. Me salva!”. Ela entendia, porque sentia a mesma coisa e precisava do mesmo remédio. A verdade é que nunca o inventaram e fomos obrigadas a descobrir, juntas, que pra certas coisas não há cura. Que a vida é mesmo uma merda.
Nessa altura do campeonato, a gente olhou pra trás e concluiu que já passamos por muito e fizemos quase tudo. Menos cometer assassinato, participar de uma orgia, curtir drogas, engravidar de um goleiro do Flamengo, furtar o DVD do Bon Jovi numa loja de departamentos, levar multa por dirigir alcoolizadas. Ah, falando sério mesmo, somos quase duas freiras com decote, blush, camiseta, uma revista Nova na bolsa, e-books “educativos” no PC, abobrinha na cabeça, uma lista de gente pra entupir de laxante, códigos esquisitos (“Camisa do Criciúma na área!”, “Entra no MSN agora!”), mania de investigação (a gente sabe caaaaada coisa... foi só juntar as pistas) e histórias descabidas pra contar.
"Na loucura dos meus dias
Vou conseguindo me fazer ver
Que eu preciso de alguém que me entenda e que eu consiga entender...”
(Nando Reis)
E enquanto as coisas não acontecem do nosso jeito, a gente se distrai com duetos imaginários entre Paola Bracho e Thalia, visitas a lojas de lingerie, caminhadas de emergência, idas à sorveteria e algumas boas risadas quando o que a gente quer mesmo é chorar. Mas se a vontade é grande demais, a gente não se segura. E daí se o bar tá lotado e alguém pode ver? E daí se alguém vai comentar na faculdade? Foda-se o mundo. As lágrimas são nossas e a gente pode chorar quando quiser. Tá lá, nas entrelinhas da Declaração Universal dos Direitos Humanos e ninguém paga impostos por gotinha derramada. Além disso, quem garante que o choro é de tristeza ou por causa daquele cara em quem a gente pensa antes de dormir? A gente se engana e diz que chora de rir... Sofrer a gente só sofre em Paris e com dois Go-Go Boys a tiracolo. E quando eles forem embora e ficar o vazio (no bolso e no coração), a gente vai sentar num meio-fio, tomar champagne, criticar os livros da Bruna Surfistinha ou elaborar uma teoria que comprove: Brad Pitt ainda é totalmente apaixonado pela Jennifer Aniston. Ponto final. E nada vai nos convencer do contrário.
Nessa hora a gente vai esquecer as análises psicológicas da mente masculina, a dúvida sobre o momento certo pra dizer “adeus” e a possibilidade de morarmos sozinhas num apartamento minúsculo em companhia de um peixe.
Tudo bem... a distância entre nosso mundo e aquele fantástico criado pelo Bobby é mínima. Mas nosso planetinha imaginário – menor que aquele do Pequeno Príncipe – é seguro e nos mantém distantes daquele em que a gente tem que se acostumar com a rejeição, as incertezas da vida, os empregos ruins, o ciúme, a frustração, a saudade, a ausência de quem a gente quer do lado. E quando tudo isso invade nosso espacinho autista, a gente se agarra ao fato de que pode contar uma com a outra, passar a tarde assistindo à final da Liga dos Campeões, ler cartas que a gente nunca manda, comprar álbuns de figurinhas que a gente nunca completa, comer pizza com suco de laranja, atravessar a cidade, bater papo com a bêbada solitária da praça e continuar acreditando que mesmo tendo azar no jogo e na porra do amor, ainda há coisas boas esperando por nós.
Nessa hora a gente vai esquecer as análises psicológicas da mente masculina, a dúvida sobre o momento certo pra dizer “adeus” e a possibilidade de morarmos sozinhas num apartamento minúsculo em companhia de um peixe.
Tudo bem... a distância entre nosso mundo e aquele fantástico criado pelo Bobby é mínima. Mas nosso planetinha imaginário – menor que aquele do Pequeno Príncipe – é seguro e nos mantém distantes daquele em que a gente tem que se acostumar com a rejeição, as incertezas da vida, os empregos ruins, o ciúme, a frustração, a saudade, a ausência de quem a gente quer do lado. E quando tudo isso invade nosso espacinho autista, a gente se agarra ao fato de que pode contar uma com a outra, passar a tarde assistindo à final da Liga dos Campeões, ler cartas que a gente nunca manda, comprar álbuns de figurinhas que a gente nunca completa, comer pizza com suco de laranja, atravessar a cidade, bater papo com a bêbada solitária da praça e continuar acreditando que mesmo tendo azar no jogo e na porra do amor, ainda há coisas boas esperando por nós.
7 comentários:
Tudo isto se resumi numa única palavra: AMIZADE
E não há nada que valha mais a pena...
Aaaaaaah, que liiiindo!
Amei, amiga!
Mas se prepara, que a Tatielle vai dar birra. hahaha
Amo vc!
Saudade!
Já deu. Se eu morrer, já sabe quem foi.
Ah, adorei as citações ao Nando no texto. =]
Linda a amizade de vcs!!!
Pragaaaaaaaaa! Que texto lindo! Gente, agora ninguem vai aguentar a "Yvone". Deu corda e ela vai se achar..rs..
Nane concordo plenamente com vc não há nda q valha mais a pena do q amizade.
Rê tá com tudo né..rs..Adoro vcs!
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